sábado, 10 de dezembro de 2011

Golpe grosseiro e glacial


Fluxo, fixo, fechado.
Amarado numa flecha
Quiseras me acertar.
Golpe grosseiro e glacial 


O que não sabias
É que há tempos deixara escapar do molde de tua haste
Uma pequena estaca que  feriu-me a mão
Lá o veneno era inofensivo no coração tornou-se invulnerável   




Rendi-me a canção
E nos versos vagos e vagarosos
Na poesia falaciada
A fim de mostrar-me tranquilo


Projetei as lembranças de sonhos que nunca tivera
Recordei da ultima manhã paciente
Desejei aquilo que pra mim era ausente
Descontente, descontei meus descansos convertendo em descasos

 



Voltei pra beber o fluido venenoso
Consciente das dores imortais e de minha vitalidade
Fiz dele vianda eterna
E nesta vigília sem sono permanecerei até o fim.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Escol no desejo


Senta-se a minha direita
E deixa-me sentir tua presença
Senta-se defronte mim
E deixe-me que padeça

Olhe nos meus olhos
Depois de alguns minutos
Depois de outros minutos
Retribuirei

Te devorarei com meus olhos
Cada milésimo de milésimo de segundo
Se permitais que eu vá mais longe ou perto,
Morrerei antes que a pupila se adapte

A prova que me prova
Já não pertence a mim
Pertence a ninguém
Já nem preciso

Nem sou mais eu
O eu menos do que nunca
Sou a potencia de mim
Sou preposição conjugada




Sou parede silenciosa
Úmida ou fúnebre
Sou matuto do amor
E escol no desejo.


CONCUPISCÊNCIA


Sábios são os teus membros
Que conseguem hipnotizar os meus 
E arrancar-me o sossego do espírito. 
Tua voz me impulsiona a libertar-me das dores e segredos.  
Estou segregado as tuas seduções
  E temo que isto seja apenas felicidade,
  Pois sei plenamente que ela é passageira.

 Queria uma palavra que ainda não existe
  Para chegar à verossimilhança
  De meu verdadeiro sentimento.
  Sem ressentimento provoquei meus leões.
  Agora entrego-me as turbulências de minha escolha.
  Quero escoimar-me até o caroço
  À modelagem que te contente. 

 Enquanto aos leões, 
Tangê-los-ei com toda calma. 
E minh´alma ressequir-se-á ás tuas brasas.  
Quero quarar na cor preta.  
Quero um quasar da lua minguante.  
Quero derramar-me como que cachoeira.  
Quero sujar-me da água mais pura.