sábado, 21 de julho de 2012

A pedra


Quero reunir centelhas de sentimentos - acabarei tirando o que me sobrevive.
Depositarei em imediato - mesmo que minhas mãos calejadas e quase aleijadas demorem ao meu comando - num pequeno frasco vazio. Deixarei meu corpo sem vigia.
Enterrarei num bosque qualquer aquilo que me resta. A tempestade levará meu corpo, levará meu espírito, levará minh’alma... só sei que aquilo que me fez, estará seguro. E se porventura minh’alma sobreviver, ou por intermédio divino renascer, buscarei o frasco.
Fraco e sem juízo, estarei eu representado pelos restos. A esperança, talvez o único sentimento guardado, carregará-me pálido até a pedra mais segura. Sonhos e desejos puros terão mais sentido que de outrem, sorrisos e respiros ansiarei dá, mas mortos não riem nem respiram.
Pedirei uma coisa: depois de tudo, deixe-me eternizar-me ali, ó anjo, ó santo, ó Deus, se Tu existir! Mesmo que não seja eu mais, mesmo que aquilo não seja nada, sem valor, mesmo que queira me levar para um lugar macio e quente – deixe-me na pedra, pela eternidade, deixe-me na pedra eternamente, é meu sonho, meu fruto... digo isso bem vivo e consciente: deixa-me lá pra sempre!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Morte


A morte não é sentimento é caso último do ser.
Várias vezes projetou-se sem seus sentidos. 
Dizia para os seus que deveriam lutar, sentir... 
mesmo que fossem somente dores, pois a morte é nada. 
Todavia, quando a esperança não vinga mais, lá está ela, 
tão linda e radiante...

A morte não é sentimento é caso último da dor. 
É como uma anestesia em seu efeito imediato. 
Não há acordos, só a escolha, não há conversa, só dor ou morte.

A morte não é natureza a morte é natural. 
Sua essência está em si mesma.

A morte não é sentimento a morte é a morte.
Tão pálida, vazia... amedrontadora.




HOJE - UM DESSES DIAS QUE SEMPRE VÊM



Impulsos e estímulos se repetem em dias de climas e ambientes repetidos. 

O tempo de lentidão estressante torna-se preocupante e desesperante em instantes.

Pretender-se-ia acumular forças e capacidades para uma vitória mais profunda. 
Porém, perder-se-ia tempo, acumular-se-ia impurezas, gerar-se-ia auto-queixas. 

Soluções desagradáveis, opções inevitáveis, ações inconfortáveis.
Chegam paulatinamente, o orgulho maltratante e a esperança ansiosa e esmagante.
Há se não fossem! O que seria das poesias denunciantes?
O que seria das preocupações angustiantes? O que seria do sonhos importantes?

sábado, 7 de julho de 2012

Sinceridade


Meus cabelos caem, minhas costas doem
Mas, o que mais me importo é com as lágrimas e as feridas!
Sinceramente estou escrevendo sem saber para onde vou.
Se as palavras fossem trem deixar-me-ia ir com os vagões.

Porém,
Mal meus pés dão conta de mim;
Mal tenho forças para caminhar;
Mal sei para onde ir.

Queria ser como os filósofos e tentar buscar as verdades.
Em mim só permanece uma:
Embora as quedas, estou vivo;
Embora as dores, estou.

E será assim até então, se Deus quiser.
Que minha vida não seja teatro.
Que meus dias não sejam melodias repetidas
Que eu seja eu, um bom eu!

Que meus sonhos não sejam memória, somente
Que o amor seja humilde comigo
Que as quedas valam a pena;
Que as dores valam.