quarta-feira, 20 de maio de 2015

FOLHAS SECAS



Quando te tinha, não imaginava que um hoje pudesse vir e se comportar de modo assim tão estranhamente, refutando sonhos.
Nem imaginei que outrora outros pudessem tomar lugares e atitudes que antes tomei como gravar o numero do teu telefone.
Sinto me um jaro cheio, porém com líquido transparente até as bordas. Vazio que as memórias deixam, entulho transbordante.
Deixo-me sem teu beijo, conforto-me sem teu cheiro, mas não abdico por sinceridade, das irrefutáveis atitudes automáticas da mente, de lembrar.
Por mais floridos caminhos que eu ande ou percorra, sempre haverá uma flor murcha ou pétalas degredadas a bailar pelos ventos.
Sempre haverá coisas duplas como a violeta ou a rosa que em seus nomes cores dizem também. Sempre haverá novas impressões ou sonhos e você.


DOCES

Hoje com o pouco que tenho
Presenteio-me com o silêncio
Dou-me o prazer e o contento
Afasto-me daqueles que me conheciam antes
Para garantir-me de não ouvir reprises
Tenho pavor de reprises!
Dos amargos...
Dos doces...
Dos doces!
Pois, até mesmo, na boca,

Um doce, se torna amargo com o tempo.


terça-feira, 19 de maio de 2015

Cores tantas cores...


Se faz criança, mas não sorri. Careceu-se um tanto de si!

Pobre Intecessor, vítima de tantos pedidos, que se fizeram um só quando pediste 

abade de um subjetivo iminente que tanto fez, menos o eminente.

Maldito que se vestiu de luz, beleza, prada! Pensamento súbito que, quando vem, 

sega, sangra, e de tudo, não o mata!

Carregaste-o e o deixaste vir sem a vida que o acalenta. 

E tanto que falar-se-ou para não tê-lo trazido.

Salienta-se no vazio: "Há cores em tudo, há cores tão belas. 

Cores, tantas cores estão. Então cadê elas? 

Chão, paredes, não as vejo, só vejo as da janela: Cinza-escuro, tons grafite, marrom 

tusco, tons de canções sem a mesma...

Sem gestos, sem rimas, com pontos, sem palavras..."

CARTA À POPULAÇÃO GUIMARANTINA


Caríssimos irmãos... 
Venho através desta, defender-me e justificar-me diante das inúmeras acusações e, infelizmente, ofensas, que ando recebendo desde quando tomei a decisão de afastar-me do cargo que tão honrosamente recebi pela mais legitima ação democrática. 
À princípio, quero agradecer e ofertar, de modo um tanto exagerado, a minha imensurável gratidão pela confiança depositada em mim, dada no intuito de assumir a responsabilidade de cuidar do nosso mais nobre povo, garantindo a realização de políticas-públicas da forma mais correta possível nesta nossa cidade de Guimarães.  
Muito me doem estas palavras, que se debruçam em despedida, pois nunca fora meus planos deixar aquilo que, por maior parte da minha vida, tem sido a minha luta, o meu maior sonho. Foi difícil, irmãos, chegar até aqui. E digo que, apesar de tudo, ainda levo em minha história e pensamento a política como minha vocação, inclinação e minha maior riqueza. 
Tudo que oferto em palavras, vêm demostrar minha visão, valores e postura. Não consigo unir a política aos maus que dela se aproximam quando ela se veste de má humanidade. Para mim a política é de aspecto divino e devemos respeita-la e seguir de forma mais coesa as suas diretrizes. 
Pois bem, quase ia esquecendo-me do foco principal desta carta. 
Por que estou abandonando o meu cargo de vereador?  
Há tempos  ando sendo perseguido, porém através de ofertas um tanto agradáveis.  Viriam-me sem muitos esforços garantindo a mais perfeita comodidade. 
Sim companheiros, fui convocado a participar da maldita arte da politicagem. Mas não fui convencido e nem ludibriado a esta. 
Não conseguiria tomar para mim sequer um real se este fosse do dinheiro que se destinaria a um bem comum. Não conseguiria tomar para mim uma moeda, sem imaginar que esta poderia ser o pão que faltara na mesa de alguma família pobre de nossa redondeza. 
Dessa forma, prefiro procurar outra profissão do que ter que sujar as minhas mãos e assim também sujar  minha dignidade e a honra de minha família. 
Tinha muitos projetos e intenções, mas me sinto completamente sem forças diante de tudo isso. Não tenho condições de lutar em duas guerras ao mesmo tempo: a necessidade do meu povo e a corrupção. 
Não tenho medo que estas palavras me levem a morte, pois sei que conheço homens corrompidos, mas não assassinos. Não citei nomes e garanto a vocês que lá ainda há boas pessoas que são dignas de tamanha responsabilidade, mas quanto a mim, como já foi dito, lavo as minhas mãos. 
Espero que eu possa voltar e, quando voltar, possa participar de uma política melhor, onde respeitem os princípios da política verdadeira a qual eu sigo. 
Não estranhem o meu linguajar, tanto me esforcei para falar palavras bonitas, agradeço ao meu filho que me acompanhou na escrita deste discurso. Sou igual a você irmão: caboclo sonhador e trabalhador. 
Agora como mero espectador da política do nosso município, resta a mim rezar e lutar junto a todos, em busca de uma Guimarães melhor.  
Meu muito obrigado! 

Sr. Manoel Patrocínio Ferraz da Silva 




Autor: Heriton Vinícios S. Silva.


Texto baseado em fatos reais. História, personagem, cargo e localização reais.

domingo, 12 de abril de 2015

Está ali, mas não voltou


Quando as pessoas entram na vida de outras, seja pela porta ou pela janela, precisam de consentimentos. 
Você sentou em meu banco, me fez questionamentos, sequestrou meu apresso e dei-te minha humanidade.
Eu sou um dos seres mais sensíveis e não consigo compreender como as pessoas conseguem entrar e sair das vidas com tanta frequência sem deixar-se roubar um pouco, sem se importar, sem explicação.
Prefiro ver todo dia um curioso vizinho ou uma pessoa misteriosa qualquer, que um falso estranho.
Prefiro admirar almas distantes, que vê um rosto conhecido e não ouvir sua voz chamando em algum momento por meu nome.
 Ficção, artificial... Melhor viver o concreto que um passado não-presente.
Você me fez sorrir e depois desapareceste, como se fosse uma nuvem que me fez sombra e que precisou ir, mas quando voltou, não voltou!

sábado, 21 de julho de 2012

A pedra


Quero reunir centelhas de sentimentos - acabarei tirando o que me sobrevive.
Depositarei em imediato - mesmo que minhas mãos calejadas e quase aleijadas demorem ao meu comando - num pequeno frasco vazio. Deixarei meu corpo sem vigia.
Enterrarei num bosque qualquer aquilo que me resta. A tempestade levará meu corpo, levará meu espírito, levará minh’alma... só sei que aquilo que me fez, estará seguro. E se porventura minh’alma sobreviver, ou por intermédio divino renascer, buscarei o frasco.
Fraco e sem juízo, estarei eu representado pelos restos. A esperança, talvez o único sentimento guardado, carregará-me pálido até a pedra mais segura. Sonhos e desejos puros terão mais sentido que de outrem, sorrisos e respiros ansiarei dá, mas mortos não riem nem respiram.
Pedirei uma coisa: depois de tudo, deixe-me eternizar-me ali, ó anjo, ó santo, ó Deus, se Tu existir! Mesmo que não seja eu mais, mesmo que aquilo não seja nada, sem valor, mesmo que queira me levar para um lugar macio e quente – deixe-me na pedra, pela eternidade, deixe-me na pedra eternamente, é meu sonho, meu fruto... digo isso bem vivo e consciente: deixa-me lá pra sempre!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Morte


A morte não é sentimento é caso último do ser.
Várias vezes projetou-se sem seus sentidos. 
Dizia para os seus que deveriam lutar, sentir... 
mesmo que fossem somente dores, pois a morte é nada. 
Todavia, quando a esperança não vinga mais, lá está ela, 
tão linda e radiante...

A morte não é sentimento é caso último da dor. 
É como uma anestesia em seu efeito imediato. 
Não há acordos, só a escolha, não há conversa, só dor ou morte.

A morte não é natureza a morte é natural. 
Sua essência está em si mesma.

A morte não é sentimento a morte é a morte.
Tão pálida, vazia... amedrontadora.