terça-feira, 19 de maio de 2015

CARTA À POPULAÇÃO GUIMARANTINA


Caríssimos irmãos... 
Venho através desta, defender-me e justificar-me diante das inúmeras acusações e, infelizmente, ofensas, que ando recebendo desde quando tomei a decisão de afastar-me do cargo que tão honrosamente recebi pela mais legitima ação democrática. 
À princípio, quero agradecer e ofertar, de modo um tanto exagerado, a minha imensurável gratidão pela confiança depositada em mim, dada no intuito de assumir a responsabilidade de cuidar do nosso mais nobre povo, garantindo a realização de políticas-públicas da forma mais correta possível nesta nossa cidade de Guimarães.  
Muito me doem estas palavras, que se debruçam em despedida, pois nunca fora meus planos deixar aquilo que, por maior parte da minha vida, tem sido a minha luta, o meu maior sonho. Foi difícil, irmãos, chegar até aqui. E digo que, apesar de tudo, ainda levo em minha história e pensamento a política como minha vocação, inclinação e minha maior riqueza. 
Tudo que oferto em palavras, vêm demostrar minha visão, valores e postura. Não consigo unir a política aos maus que dela se aproximam quando ela se veste de má humanidade. Para mim a política é de aspecto divino e devemos respeita-la e seguir de forma mais coesa as suas diretrizes. 
Pois bem, quase ia esquecendo-me do foco principal desta carta. 
Por que estou abandonando o meu cargo de vereador?  
Há tempos  ando sendo perseguido, porém através de ofertas um tanto agradáveis.  Viriam-me sem muitos esforços garantindo a mais perfeita comodidade. 
Sim companheiros, fui convocado a participar da maldita arte da politicagem. Mas não fui convencido e nem ludibriado a esta. 
Não conseguiria tomar para mim sequer um real se este fosse do dinheiro que se destinaria a um bem comum. Não conseguiria tomar para mim uma moeda, sem imaginar que esta poderia ser o pão que faltara na mesa de alguma família pobre de nossa redondeza. 
Dessa forma, prefiro procurar outra profissão do que ter que sujar as minhas mãos e assim também sujar  minha dignidade e a honra de minha família. 
Tinha muitos projetos e intenções, mas me sinto completamente sem forças diante de tudo isso. Não tenho condições de lutar em duas guerras ao mesmo tempo: a necessidade do meu povo e a corrupção. 
Não tenho medo que estas palavras me levem a morte, pois sei que conheço homens corrompidos, mas não assassinos. Não citei nomes e garanto a vocês que lá ainda há boas pessoas que são dignas de tamanha responsabilidade, mas quanto a mim, como já foi dito, lavo as minhas mãos. 
Espero que eu possa voltar e, quando voltar, possa participar de uma política melhor, onde respeitem os princípios da política verdadeira a qual eu sigo. 
Não estranhem o meu linguajar, tanto me esforcei para falar palavras bonitas, agradeço ao meu filho que me acompanhou na escrita deste discurso. Sou igual a você irmão: caboclo sonhador e trabalhador. 
Agora como mero espectador da política do nosso município, resta a mim rezar e lutar junto a todos, em busca de uma Guimarães melhor.  
Meu muito obrigado! 

Sr. Manoel Patrocínio Ferraz da Silva 




Autor: Heriton Vinícios S. Silva.


Texto baseado em fatos reais. História, personagem, cargo e localização reais.

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